O que está em causa não é o assinalar ou não a data, o que está em causa é a forma como isso pode e deve ser feito num momento em que as autoridades me dizem que não me posso ir despedir da minha avó por razões de segurança.
Espirraste? Estás lixada. Tossiste? Liga já para o SNS24. Dói-te a cabeça? Já foste: ou é coronavírus ou é um tumor. Um ensaio médio sobre a hipocondria em tempos de pandemia.
E, de repente, pusemos todos a mão na massa mãe e até fermento fazemos em casa. Palmas Portugal, agora é só deixar cozer, barrar com manteiga e esperar que o COVID passe.
Soltando a bad bitch que há em mim, parto para uma reflexão, em que identifico os diferentes tipos de personalidade que nascem em caixas de comentários, começando no revoltado e terminando no racista.
Estamos todos fartos de teletrabalho, de cozinhar de manhã à noite e de não poder sair de casa. Mas sabem o que é mais cansativo? Os falsos moralismos.
Em tempos de crise, a imaginação é uma arma. Não há pão fresco todos os dias? Faz-se em casa. Só há uma lata de grão? Chega. Com ela fiz hambúrgueres, manteiga, omeletes e panquecas. Já vos conto tudo.
São o novo spot mais badalado de Portugal, são o Lux em tempos de COVID: a malta diverte-se, vai para ver e ser vista, encontramos celebridades e o mais provável é sairmos de lá todos bêbados e felizes.
De nada vale comprar a granel, se enchemos a despensa de grão sem deixar nada para o outro. E os saquinhos de pano? Temos é que levar comida ao velhote que vive sozinho no sexto andar. Seja embalada em plástico ou não
A única forma de sairmos daqui vivos e saudáveis é se a banca e o governo encontrarem forma de adiarem o pagamento de prestações de crédito e as grandes empresas perdoarem o pagamento de serviços de primeira necessidade.
Tão importante como sensibilizar a população para a necessidade de ficar em casa, é informar os gerentes de pequenas empresas das soluções que terão ao seu dispor para os ajudar, para que sintam confiança para fecharem portas.
Vendi secadores e varinhas mágicas, doei roupa e comprei coisas em segunda mão. Vamos só esquecer a quantidade de plástico que uma empresa de mudanças usa para envolver a mobília, ok?
Deixem-se de tretas e principalmente de desculpas. Se vão três ruas abaixo para carregar o telemóvel ou pagar a renda, também podem fazê-lo para fazer algo tão simples como pôr o lixo no sítio certo.
Estava tudo descansadinho enquanto o vírus matava do outro lado do mundo e era um problema exclusivo dos chineses. Agora? Agora ninguém sabe quem é que deve evitar.
Por mais que se discuta o feminismo, continuamos a perpetuar os modelos antigos dentro dos nossos lares. Como é que deixamos cair a síndrome de gata borralheira e como é que libertamos o outro da caixinha do machismo?
Toda a gente ficou chocada com as imagens. Temos razões para isso, mas é preciso ir mais longe — o Cantinho da Milú, de onde veio o cão que veem na foto e para onde foram os do toureiro, precisa de toda a ajuda possível.
A única pessoa que não parece estar preocupada com o legado familiar é o meu namorado. Mas por mim está ok. É que nem sempre a entrada nos 30 representa o timing favorável.
Esta é a história do meu irmão, que comia meio quilo de bife ao jantar e nem a alface do hambúrguer do McDonalds provava. Não deixou de comer carne, mas aprendeu que há outros sabores.
Nesta jornada para reduzir o desperdício, há que recusar muita coisa. Dizer não ao saco de plástico, à colher para mexer o café ou ao cartão de visita. Mas não há porque fazê-lo de forma agressiva.
Portugueses a viver em Wuhan? Continuem por lá. Chineses em Portugal? Está na hora de irem embora. Turistas? Se arriscam a viagem, não voltem. Até quando vamos continuar a ser este tipo de pessoas?
Na nova crónica semanal da MAGG, disserta-se sobre as vicissitudes e atropelos da altura da vida em que se é confrontado com a realidade: já somos "adultos" sem "jovem".